domingo, 23 de novembro de 2014

Eu quero consertar o mundo!

Um cientista vivia preocupado com os problemas do mundo. Ele estava decidido a encontrar meios de melhorá-lo com suas pesquisas. Passava dias em seu laboratório em busca de respostas para suas dúvidas, e como um clássico cientista, buscava respostas da forma mais empírica possível. Ele tinha pressa. Pressa em mudar um mundo já tão castigado por horrores, miséria e desgraças.

Certo dia, seu filho de seis anos invadiu o seu laboratório. Atento, ele perguntava sobre tudo que se encontrava nesse santuário racional para o desespero do pai extremamente ocupado. O garoto estava decidido a ajudá-lo a trabalhar. 
O cientista, nervoso pelas interrupções, tentou que o filho fosse brincar em outro lugar, esclareceu que seu trabalho era sério, e não cabia espaço para a ajuda de uma criança. O menino, desapontado, voltava triste para o quarto.
Todos os dias a criança voltava, sempre com os mesmos porquês, com as mesmas dúvidas, com a mesma disposição. Cansado de seu próprio trabalho e vendo que seria impossível demovê-lo, o pai procurou algo que pudesse ser oferecido ao filho com o objetivo de distrair a criança.

De repente o cientista deparou com um enorme mapa mundi extremamente detalhado, pendurado na parede do laboratório como enfeite. Ele retirou a imagem da parede e com o auxílio de uma tesoura recortou o mapa em centenas de pedaços e, junto com um rolo de fita adesiva, entregou ao filho dizendo:

— Eu sei que você gosta de quebra-cabeças. Então vou lhe dar o mundo para consertar. Aqui está o mundo todo quebrado. Veja se consegue consertá-lo bem direitinho! Faça tudo sozinho e no seu quarto.

Desapontada, a criança pega o jogo e vai até seu quarto. O cientista calculou que a criança levaria dias para recompor o mapa, se é que não desistisse da tarefa e fosse procurar outra coisa para brincar. Satisfeito o pai por enfim voltou a ter tempo para pensar e trabalhar sem interrupções. 

"Mas, o que precisamos para acabar com todas as desgraças da humanidade? Será que precisamos de uma outra Religião? Ou quem sabe, mudar as Instituições? Precisamos de alimentos melhores, de novas políticas, mais cientistas quânticos, mais leis, ou quem sabe, uma revolução cientifica?"

Algumas horas depois, o cientista ouviu a voz do filho que o chamava euforicamente:

— Pai, pai, já fiz tudo. Consegui terminar tudinho. Vem aqui ver!

A princípio o pai não deu crédito às palavras do filho. Seria impossível uma criança na sua idade ter conseguido recompor um mapa do mundo tão complicado. Seu filho nem sequer tinha aulas de geografia para conhecer cada parte do planeta. A criança continuou a chamar e relutante o cientista levantou os olhos de suas anotações certo de que veria um trabalho digno de apenas uma criança. Caminhou para fora de seu laboratório; lugar onde ele está acostumado a ter todas as suas soluções.

O cientista deparou com a criança deitada no chão confortavelmente, esperando o pai chegar. Para sua surpresa, o mapa estava montado e completo. Todos os pedaços haviam sido colocados nos devidos lugares. Como seria possível? Como meu filho havia sido capaz de consertar um mundo tão complicado? Será que ele é um gênio?
Então ele perguntou:

— Você não sabia como era o mundo meu filho. Como conseguiu?


— Papai - começou o garoto com o pensamento lógico e concreto na cabeça - eu não sabia como é o mundo, mas quando você tirou o papel da parede para recortar, eu vi que do outro lado do cartão havia uma figura humana. Quando você me deu o mundo para consertar, eu fiquei tentando, mas não conseguia resolver o problema, não conseguia consertar o mundo olhando apenas para ele. Foi aí que me lembrei da figura do homem atrás do cartão. Então virei os recortes e comecei a consertar a figura humana...



...Quando consegui consertar o homem, virei à folha e vi que havia conseguido consertar o mundo.


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